História da Cerveja


Breve Historia no Mundo


          Acredita-se que a descoberta da cerveja ocorreu acidentalmente a partir de cereais deixados expostos ao relento, e assim teriam sido fermentados por leveduras (fermento) presentes na atmosfera. Por terem os mesmos ingredientes que o pão, cereais, água e fermento, na antiguidade as cervejas eram feitas por padeiros, ou por mulheres, responsáveis pelo preparo dos alimentos, daí serem até hoje conhecidas pelo termo “Pão Líquido”.  Modernamente, entende-se cerveja como sendo a bebida obtida pela fermentação do malte de cevada.

            
    Embora não haja consenso entre os historiadores quanto à origem da cerveja, esta é considerada a bebida alcoólica mais antiga da humanidade, com registros que datam de mais de 8 milênios. A origem documentada da cerveja começa 6.000 anos antes de Cristo, numa região entre o Tigre e o Eufrates, onde viviam Sumérios e Babilônios, que já fabricavam mais de 20 tipos de cerveja de cevada, trigo e mel. No Egito, a cerveja ganhou status de bebida nacional, e sua fabricação ficava por conta das sacerdotisas dos templos de seus deuses. Zythos era a denominação dada à cerveja pelos egípcios, que, além do uso como bebida e nos rituais religiosos, também a aplicavam na medicina, entrando na formulação de mais de 100 medicamentos.
                 Escuras, opacas e sem serem filtradas, muito diferentes das cervejas que hoje bebemos, somente a partir da Idade Média, com novas técnicas implementadas pelos monges à produção da bebida, que visavam torná-la mais agradável ao palato e mais nutritiva, já que durante seus jejuns passavam dezenas de dias alimentando-se apenas de cerveja, é que esta foi adquirindo a aparência e os gostos como os das quais mais vemos atualmente. Foram também os Monges que passaram a utilizar, com habitualidade, o lúpulo em substituição a outras ervas, e que começaram a anotar e organizar as receitas, para que mantivessem a qualidade. Os monges beneditinos de Weihenstephan, em Freising na Alemanha, foram os primeiros a receber autorização profissional para o fabrico e venda de cerveja, em 1040, sendo a cervejaria de Weihenstephan, ainda hoje em funcionamento, a mais antiga do mundo.
           
    Em 1516, o Duque Wilhelm IV da Baviera criou a Reinheitsgebot - lei de pureza - em atenção às guildas bávaras, a fim de defender a produção de cerveja de qualidade, pois naquela época eram muito utilizados ingredientes estranhos para aromatizar as cervejas, como, por exemplo, frutos silvestres e ervas variadas, por vezes danosas à saúde. Foi assim que o Duque tornou ilegal o uso de outros ingredientes no fabrico de cerveja que não fossem água, cevada e lúpulo (é de salientar que nesta época ainda não se conhecia e utilizava o fermento, e a bebida era fermentada por leveduras presentes na atmosfera local).  Posteriormente, o uso do trigo maltado foi aceito, embora sob condições especiais.
            
       Por fim, é bom registrar a importância do século XIX para a produção da cerveja. Com a evolução tecnológica, foi neste século que se descobriu o fermento lager, de baixa fermentação, utilizado nas cervejas do tipo pilsen, a mais consumida no mundo, e Louis Pasteur trouxe ao mundo o processo conhecido por “pasteurização”, com o qual permitiu a conservação da cerveja por um período maior de tempo. Cabe consignar ainda que a única diferença entre o chopp e a cerveja é que esta é “pasteurizada”, enquanto aquele não, razão pela qual o chopp tem um período de validade bem menor.


Breve Historia no Brasil

          Até o início do século XIX a produção de cerveja no Brasil era mantida apenas por poucos imigrantes, que a produziam caseiramente e para o consumo próprio. Foi com a chegada da família real portuguesa, em 1808, que a cerveja iniciou seu desenvolvimento no país. Reza a lenda que Dom João era um apreciador inveterado da bebida, e foi com a abertura dos portos brasileiros às nações amigas que o consumo de cerveja iniciou seu crescimento no Brasil, até chegar ao que é hoje, o 9º em consumo per capita e o 5º maior produtor mundial em volume.
                
               Em 1836 foi publicado no Jornal do Comércio do Rio de Janeiro o primeiro anúncio dando conta da produção de cerveja no Brasil. Vale salientar que as ruas Matacavallos e Direita são respectivamente as ruas do Riachuelo e 1º de Março, na atualidade. Veja o anúncio abaixo:

                
          Até o final da década de 30 do século XIX, a cachaça e o vinho eram ainda as bebidas mais populares, situação esta que começou a mudar com a instalação de pequenas fábricas de cerveja no Brasil, que permitiam uma alternativa mais acessível às custosas cervejas inglesas trazidas em barris da Inglaterra, para atender à nobreza.

                Naquela época, a cerveja fabricada no Brasil era bastante rudimentar, feita de farinha de milho, gengibre, casca de limão e água, e levou o nome de “Cerveja Barbante”, por causa do amarrado de barbante que era colocado sobre as rolhas, a fim de evitar que as mesmas explodissem com a elevada pressão das garrafas.

                 A partir daí novas fabricas foram sendo instaladas no Brasil, principalmente por imigrantes ou filhos destes, e iniciou-se o que até hoje vemos: as maiores fábricas adquirindo as menores, dificultando seu crescimento e diminuindo a oferta de estilos e variedades de cervejas.

                 Tal situação, embora ainda perdure, começou a perder força no cenário mundial no final da década de 1970, com o advento do movimento The Craft Beer Renaissance, ou com o renascimento da cerveja artesanal. Desde então na Europa e Estados Unidos milhares de micro-cervejarias foram criadas, e nelas são resgatados estilos de cervejas há muito deixados de lado pelas grandes cervejarias, primando pela qualidade e tradições da bebida acima de tudo, emprestando personalidade à cerveja.

                  No Brasil este movimento tardou, mas começa a ganhar forte impulso com a instalação de excelentes micro-cervejarias, como a Cervejaria Eisenbahn, de Blumenau, a Colorado, de Ribeirão Preto, a Falke Bier, de Belo Horizonte, a Mistura Clássica, de Volta Redonda, a Bamberg de Votorantim, entre tantas outras, que produzem cervejas como antigamente, com qualidade, respeito às tradições e aos seus clientes, visando a um produto diferenciado e com personalidade. 

Fonte: Leonardo Botto



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